A tireoide é um pequeno órgão que em condições normais pesa cerca de 15 a 20g e fica localizada na região anterior do pescoço.

É formado por dois lobos que são unidos por um istmo, tendo um formato que remete a um escudo, por isto tem este nome de origem do grego, thyreos (escudo) e oides (forma de). Alguns também relacionam o seu formato parecido a uma borboleta.
A tireoide produz hormônios EXTREMAMENTE importantes para a regulação do metabolismo de todas as células, estes hormônios são conhecidos como T3 e T4.
Neste artigo iremos abordar e discorrer sobre três temas principais:
- Disfunções da tireoide (hiper e hipotireoidismo)
- Nódulos de tireoide
- Câncer de tireoide
Quem é o Dr. Igor?
Sou médico endocrinologista, apaixonado pela investigação diagnóstica e comprometido em oferecer um atendimento detalhado, individualizado e de alta qualidade.
Acredito que cada paciente é único e, por isso, minha abordagem vai além dos sintomas, buscando compreender a raiz dos problemas para oferecer soluções eficazes e personalizadas.
Minha fascinação pelo mistério da investigação diagnóstica foi o que me levou à Endocrinologia, uma especialidade onde cada pequeno detalhe faz a diferença no momento de diagnosticar e tratar.
Com um olhar minucioso e embasado nas melhores evidências científicas, busco proporcionar não apenas o controle das doenças endócrinas, mas também mais saúde, equilíbrio e qualidade de vida aos meus pacientes.
Sou formado pela Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro/RJ. Realizei residência médica em Clínica Médica no Hospital Adventista Silvestre (RJ) e, posteriormente, especializei-me em Endocrinologia por meio da residência médica na Secretaria de Saúde do Distrito Federal, no Hospital Regional de Taguatinga.
Se você busca um atendimento endocrinológico humanizado, criterioso e pautado na ética, excelência, e na medicina baseada em evidências, estou aqui para te ajudar!

O que os pacientes falam do Dr. Igor?
Hipotireoidismo: O que é?
Trata-se de uma hipofunção da glândula tireoidiana, ou seja, a tireoide está produzindo poucos hormônios.
É uma doença muito mais comum em mulheres, cerca de 5 a 10 vezes mais do que em homens.
Alguns outros fatores de risco para desenvolver hipotireoidismo são:
- História familiar de hipotireoidismo
- Idade > 60 anos
- Presença de alguma outra doença autoimune
- Presença de anticorpos que atacam a tireoide, tal como Anti-TPO e Anti-tireoglobulina
- Tratamento prévio para hipertireoidismo
- História de radioterapia na região cervical
- Dentre outros…
O hipotireoidismo pode ter diferentes causas, sendo a principal delas a doença autoimune que produz anticorpos que atacam a tireoide, destruindo-a, também conhecida como Doença de Hashimoto ou Tireoidite de Hashimoto.
Esta produção reduzida dos hormônios tireoidianos leva a um quadro de redução do metabolismo de forma geral, este entendimento facilita entendermos os sintomas relacionados a esta doença.
A diminuição da produção dos hormônios tireoidianos pode estar relacionada a hipofunção de outra glândula, a hipófise, pois esta produz um hormônio que estimula a tireoide a produzir os seus, sendo essencial para o funcionamento adequado da tireoide, este conhecido como TSH, porém este tipo de hipotireoidismo, chamado de secundário, é a minoria dos casos.
O TSH é estimulado por outro hormônio, o TRH, que por sua vez é produzido no hipotálamo, porém o hipotireoidismo por deficiência deste (terciário) é mais incomum ainda.
Quais os principais sintomas do hipotireoidismo?
Os principais sintomas que as pessoas com hipotireoidismo apresentam quando estão com a doença sem tratamento adequado são:
- Cansaço inexplicável, sonolência, fadiga
- Intolerância ao frio
- Cabelos e unhas quebradiços
- Lentidão do pensamento, esquecimentos, falta de atenção e concentração
- Dores articulares ou musculares
- Perda do apetite
- Ganho de peso modesto, principalmente devido a retenção hídrica
- Alteração da menstruação
- Redução de libido
- Dificuldade de dormir apesar do cansaço
- Dentre outros
Observem que a maioria dos sintomas são relacionados ao que falamos anteriormente, redução do metabolismo de forma geral.
Como é feito o diagnóstico? Quais exames realizar?
Os principais exames solicitados são a dosagem do hormônio tireoestimulante, o TSH e da fração livre de um dos hormônios produzidos pela tireoide, o T4 livre, porém os exames complementares devem ser solicitados após uma criteriosa avaliação de cada caso.
A ultrassonografia de tireoide não é um exame rotineiramente necessário para o diagnóstico de hipotireoidismo, porém como os outros exames, deve ser avaliado caso a caso a sua necessidade.
Tenho um(a) familiar com hipotireoidismo mas não tenho sintomas, devo realizar exames?
A Associação Americana de Tireoide recomenda o rastreamento do hipotireoidismo em alguns casos, sendo os principais:
- História pessoal de outra doença autoimune
- História familiar de doença da tireoide
- História de irradiação cervical
- Uso de algumas medicações, tal como, lítio e amiodarona
As pessoas que apresentam alguma dessas indicações devem procurar o(a) médico(a) endocrinologista de sua confiança para melhor avaliação.
Como é feito o tratamento?
Como a principal causa de hipotireoidismo é uma doença autoimune que destrói a tireoide, normalmente o uso da medicação é de uso crônico, para o resto da vida. Em alguns poucos casos o uso pode ser transitório, porém a causa do hipotireoidismo é outra.
A base do tratamento do hipotireoidismo é a reposição do hormônio que está faltando, nesse caso utilizamos a medicação que corresponde a reposição do hormônio T4.
O uso desta medicação deve ser preferencialmente em jejum e aguardar pelo menos 30 minutos para se alimentar ou tomar outra medicação.
Em algumas ocasiões especiais, pode ser optado por mudar o horário da medicação, porém só deve ser realizada com a devida orientação médica.
O uso do hormônio que corresponde ao T3 é controverso. Pela sociedade americana só está indicado na persistência de sintomas com as doses ajustadas da reposição de T4 e após a exclusão de outras causas para estes sintomas. Além disso, o risco-benefício e segurança clínica ainda não estão muito claros e esta apresentação ainda não está disponível comercialmente no Brasil no momento da publicação deste artigo.
Existe hipotireoidismo em crianças?
Sim, o hipotireoidismo pode estar presente desde o nascimento, e, caso não tratado adequadamente pode trazer consequências irreversíveis.
Por este motivo esta é uma das doenças que é buscada no rastreamento neonatal, o famoso e importantíssimo teste do pezinho.
Estou em tratamento, a dose da minha medicação pode mudar?
Sim, o ajuste de dose pode ser necessário de tempos em tempos devido a alguns fatores que impactam na dose necessária, sendo os principais peso e idade.
Porém, alguns outros fatores podem interferir na dose, por exemplo o surgimento de outras doenças, uso de outras medicações, realização de cirurgias.
Por estes motivos, o acompanhamento de pacientes com hipotireoidismo deve ser regular.
Me falaram que tenho hipotireoidismo subclínico, o que é isso?
No caso do hipotireoidismo subclínico, normalmente não há sintomas relacionados, porém há o diagnóstico laboratorial de TSH elevado e T4 livre normal, o que pode representar um início de disfunção da glândula tireoide.
A indicação de tratar esta condição depende de alguns fatores, sendo os principais:
- Valor do TSH
- Idade
- Presença de anticorpos
- Presença de sintomas
- Gestação

Hipertireoidismo: o que é?
Neste caso, trata-se do aumento da produção e da liberação de hormônios pela tireoide, podendo causar uma tireotoxicose, que é o estado clínico devido ao excesso de hormônios tireoidianos.
A principal causa deste também é uma doença autoimune, conhecida como doença de Graves.
Outra causa importante e cada vez mais frequente é o uso, intencional ou incidental, de hormônios tireoidianos, muitas vezes utilizados em formulações com intuito de emagrecimento, porém não existe essa indicação pelas sociedades médicas sérias, e o uso com este intuito pode trazer diversos problemas relacionados ao hipertireoidismo.
Uma causa também frequente é a presença de nódulo (um ou mais) que produzem hormônios tireoidianos de forma autônoma, também conhecido como adenoma tóxico ou bócio multinodular tóxico.
Existem ainda algumas outras causas que podem causar hipertireoidismo transitório, tal como, trauma na tireoide, infecção da tireoide, tireoidite subaguda que ocorre quando devido uma infecção em outro local gera ativação de células que atacam a tireoide, dentre outros.
Quais os principais sintomas relacionados ao hipertireoidismo?
Da mesma forma que anteriormente pensamos nos sintomas do hipotireoidismo como uma redução do metalismo, no hipertireoidismo iremos pensar como uma ativação aumentada do metabolismo.
Sendo assim, os principais sintomas que podem estar presentes são:
- Perda de peso
- Aumento da fome
- Coração acelerado (palpitações), arritmias
- Calor excessivo, aumento da sudorese
- Dificuldade de dormir
- Ansiedade, agitação, agressividade
- Cansaço
- Tremor de extremidades
- Alterações do ciclo menstrual
- Aumento da frequência de defecções
- Dentre outros
Como é feito o diagnóstico?
Nesta doença também faremos a dosagem do TSH e do T4 livre porém aqui pode haver a indicação de dosagem do T3 total também, por este motivo os exames devem ser solicitados apenas após consulta médica.
No hipertireoidismo a ultrassonografia de tireoide torna-se mais útil, pois esta pode ajudar a esclarecer a causa da síndrome.
No hipertireoidismo a identificação da causa de base da doença é de extrema importância, pois esta pode guiar o tratamento mais adequado.
Fui diagnosticado com hipertireoidismo, como faz para tratar?
Neste caso temos algumas opções de tratamento, sendo as principais:
- Drogas antitireoidianas
- Radioiodoterapia
- Tireoidectomia, que é a cirurgia para retirada da tireoide
Cada tratamento tem suas indicações e suas contraindicações a depender da causa, tendo cada um suas vantagens e suas desvantagens.
Por este motivo é essencial que o médico explique os tratamentos para o paciente para que a melhor decisão de como tratar seja tomada em comum acordo após o paciente entender muito bem cada um dos tratamentos suas possíveis implicações.
Além do tratamento direcionado para a causa, pode-se ainda utilizar medicações para tratar os sintomas até o adequado controle do hipertireoidismo, sendo as mais utilizadas as que fazem parte da classe dos beta-bloqueadores.
Ouvi dizer que o hipertireoidismo pode acometer os olhos, é verdade?
Neste caso estamos falando da Oftalmopatia de Graves, também conhecida como Doença Ocular da Tireoide (DOT).
Esta só está presente nos casos em que o hipertireoidismo é causado pela Doença de Graves, na qual o mesmo anticorpo que causa o aumento da função tireoidiana gera formação de imunocomplexos que causam esta doença.
Neste caso, um dos principais fatores de risco é o tabagismo, sendo essencial cessar para ajudar no tratamento e adequado controle.
Os principais sintomas da DOT são a proptose ou exoftalmia, que é quando o globo ocular fica mais proeminente ou popularmente conhecido como olhos saltados.
Outros sintomas que podem estar presentes nesta condição são a dor no olho, tanto espontânea como ao se movimentar, presença de vermelhidão no olho ao redor e edema em algumas regiões oculares.
O tratamento desta condição é específico e deve ser sempre individualizado.
O acompanhamento em conjunto com Oftalmologista é essencial.
O que são nódulos na tireoide?
Nódulo na tireoide é uma lesão dentro da glândula tireoidiana que tem características distintas do tecido tireoidiano ao ser redor na avaliação radiológica.
Estes podem ser palpáveis ou não, atualmente com o aumento da disponibilidade e da realização de ultrassonografia de tireoide, o diagnóstico de nódulos pequenos tem sido cada vez mais frequentes.
Estes são muito prevalentes na população, sendo mais frequentes em mulheres e idosos.
Sendo os principais fatores de risco:
- Sexo feminino
- História familiar de nódulos na tireoide
- Deficiência de iodo
- Idade acima de 40 anos
A indicação de investigação na população se baseia principalmente nestes fatores de risco.
Todo nódulo de tireoide é câncer?
Não. Inclusive a maioria dos nódulos de tireoide não é câncer. Alguns estudos mostram que o carcinoma diferenciado da tireoide (principal tipo de câncer de tireoide) corresponde a cerca de 5-15% dos nódulos.
As principais sociedade médicas de radiologia e endocrinologia se uniram para criar uma classificação baseada nas características destes nódulos, e assim, predizer quais tem maior risco de ser câncer ou não.
Essa classificação baseada na imagem da ultrassonografia chama-se TIRADS, sendo a mais utilizada a do Colégio Americano de Radiologia (ACR).
A classificação da ACR TIRADS vai de 1 a 5, da seguinte forma:
- TIRADS 1: benigno
- TIRADS 2: não suspeito
- TIRADS 3: levemente suspeito
- TIRADS 4: moderadamente suspeito
- TIRADS 5: altamente suspeito
Esta classificação associada ao tamanho do nódulo e as suas características, ajuda na decisão de realização ou não de biópsia do nódulo.

Descobri que tenho nódulo na tireoide, o que fazer?
Primeiramente deve-se passar por uma anamnese rigorosa para avaliar todo o contexto individual em relação ao nódulo, a avaliação do nódulo deve ser individualizada!
Após uma boa anamnese são decididos quais exames solicitar, e estes podem incluir exames de função tireoidiana, exames de imagem e a depender de casa caso há a indicação de biopsiar.
A biópsia de nódulos tireoidianos, quando indicada, preferencialmente deve ser realizada guiada pela ultrassonografia, e esta é realizada com uma agulha fina, daí o seu nome Punção Aspirativa Por Agulha Fina (PAAF).
O material coletado deverá ser encaminhado para o(a) médico(a) Patologista para avaliação.
Após a avaliação, o(a) colega patologista, normalmente utiliza uma outra classificação, esta chamada de Bethesda.
Essa classificação de Bethesda vai de 1 a 6, da seguinte forma:
- Bethesda I: Amostra não diagnóstica
- Bethesda II: Benigno
- Bethesda III: Atipia de significado indeterminado
- Bethesda IV: Suspeito de neoplasia folicular
- Bethesda V: Suspeito de malignidade
- Bethesda VI: Maligno
Após este resultado, apenas quando indicado punção, será decidido em conjunto com o paciente, após explicações detalhadas sobre o significado de cada resultado, a conduta mais apropriada para o caso.
Podemos lançar mão ainda de testes genéticos, para avaliar mutações genéticas e este ser mais um exame num grande quebra-cabeças para que possa ser dado o diagnóstico mais preciso.

Descobri que meu nódulo era câncer, e agora?
Neste momento entram terapias específicas para cada caso.
Existem alguns subtipos de cânceres de tireoide, e, a depender de cada subtipo, há uma indicação terapêutica.
Dentre as terapêuticas no câncer de tireoide incluem-se principalmente:
- A abordagem cirúrgica
- Utilização de reposição do hormônio T4 em doses supressoras
- Radioiodoterapia
Cada paciente terá sua recomendação de exames de acompanhamento a depender de cada caso, para avaliação principalmente de resposta bioquímica e estrutural.